quinta-feira, 31 de março de 2011

Quando Eu "mim" encontrei

No meu universo os objetos me auxiliam. Vivem a segurar minha blusa, colocam meus óculos, lêem meus livros.







Meus utensílios usam-se mais do que eu á eles. Meu quarto é uma concentração de móveis, folhas, canetas, violões... E Eu.
Uma concentração de Mim, no meu quarto. Eu fui conversar com Mim, mas este não me deu ouvidos... Não desesperei!

Bati um papo com minha Televisão, fiquei atordoado (creio que a Dona Televisão seja como aquelas tias solteironas, que não param de falar e querem dar palpite na nossa vida a todo momento).

Busquei, em vão, trocar palavras com Mim, mas ainda resistente, nada dirigia á Eu.

Fui tirar dúvidas com os Livros (Senhores eméritos, erudictos, sábios, porém nunca mudam de opinião), lá, também, encontrei algumas velhas amigas, Páginas Velhas, que me receberam muito bem: Chá de poesia, bolinho de metáforas, fizeram até pãezinhos de morfologia (mas este ultimo não é minha guloseima predileta). No entanto estarei mentindo se falar que, de fato, expulsei minhas dúvidas bebendo palavras experientes, o que realmente ocorreu foi Eu ir-me embora com mais dúvidas.

Não, não desesperei, logo ao lado dos Livros está minha psicóloga Cabeceira Dakama (uma oriental meiga). Deitei na sua sala onde, com sua doce ajuda, encontrei algumas respostas.

Levantei e já não mais aguentando gritei á Mim, bradei e chamei o máximo que pude. Nada. Nem silêncio, nem palavras. Nada. Ele parecia estar sufocado e como Eu, agora sim, estava desesperado: com um olhar perdido, com as mãos carentes.


Carência: a denominação do que sentia. A Telivisão era legal, mas não me preenchia, deixava-me só mais vazio, tão oco, sem Mim; as Páginas Velhas não possuíam a paixão e a vida; os Livros nem sempre diziam o que eu falava e Dakama apesar de boa era apenas um tipo de subterfúgio, a parte do Eu guardando um tempo pra Mim.

Limpei meu quarto de objetos, sem ao menos tirar uma fagulha de pó do chão.

Mim, então, falar comigo veio e Eu o respondi de prontidão.
Choramos e rimos, lembramos do mundo dantes, divagamos se o mundo era melhor ou nosso olhar que foi ingênuo... Foi bom.

 É necessário ficar nu sem tirar as roupas para ver a própria alma.

domingo, 27 de março de 2011

Baden Powell & Valsinha

A primeira música deste vídeo é do compositor e violonista Baden Powell. Uma música que pertenceu a peça teatral “Orfeu da Conceição” (1954) de Vinicius de Moraes. Confesso que o nome desta música eu não sei, porém sou eternamente apaixonado por essa melodia.  





Valsinha – Vinicius de Moraes e Chico Buarque

Um dia ele chegou tão diferente
do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a dum jeito muito mais quente
do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto
era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto, pra seu
grande espanto convidou-a pra rodar

Então ela se fez bonita como há muito
tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando
a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como
há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça foram para
a praça e começaram a se abraçar

E ali dançaram tanta dança que
a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que
toda a cidade enfim se iluminou
E foram tantos beijos loucos
Tantos gritos roucos como
não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu
Em paz

...em minha porta & Quemelê

...em minha porta - Matheus Pezzotta

Andei sem pensar em nada
Esperando que nada pensasse em mim
Senti os beijos do vento
Esquecendo do que é ruim

Lembrei de tanta gente
Lembrei de você
E de como imaginei
Contar das coisas
Das cores, das flores...

Das flores do meu jardim
Nem reguei nesta manhã
Esperando que alguém batesse em minha porta

E fala-se da vida com simplicidade
Na verdade esperava ouvir palavras de amor




Quemelê - Edson D'aísa
                                                                  
Leva o retrato
Dentro de ti
E nas fotografias
De Nhonhô

Adormece
Colo de Chiquita
E desperta
Pras histórias “Quemelê”

O palco da fantasia
Era na casa de Íria
Criando seus personagens
Num tempo de alegria

O que você  não sabia 
A vida, te ensinava

Solto pela casa grande
“Quemelê” te encantava.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Quando choras...

Quando choras,
Choras de medo
Desaguando nos tempos
Desembocando nas horas.

Quando contas,
Contas verdades.
Quantas saudades
Quando se conta...

Os movimentos dos ponteiros,
Nesta espécie de tempo,
Desvencilhando os minutos,
Correndo dos segundos,
Sumindo de mim.

Pois, então, tu choras
E choro por chorares assim.
Não fuja e não demoras...
Não se esqueça de vir

Somos gravuras,
Tingida de nanquim.
Somos esta música
Somos, enfim.