sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Soneto somente de amor


E que seja amor tudo que digo,
E o tempo que silencia diga amar,
Que tudo que falo fique contigo,
Que este silêncio balsame o ar.

E, enfim, apenas de paixão serei,
Mesmo sendo somente de desejo,
Em qualquer caminho te seguirei
Quando o caminho esteja como almejo.

Faça-se, em todo momento, ternura
De todo olhar, lascivo e delicado,
Sendo cada gesto ténue e atento.

De toda palavra faça-se, jura,
A sempre amar-te com zelo e cuidado,
Como breve, inocente pensamento.

O Amor é um teatro gestual

O Amor é um teatro gestual.
Mas antes é preciso saber do impreciso:
Os atores são sentimentos.
O corpo é o palco.
A boca é a cortina.
Os olhos são as luzes.
Orquestra o coração.
Os aplausos são beijos.

O palco se comporta diferente
Quando é dia de teatro.

A peça se inicia antes mesmo das cortinas se abrirem.
As luzes apesar de poucas dão um bom efeito.
(Obs.: é necessário estar atento, pois os gestos são ténues)
Por ter sido uma peça tão meiga e bela,
O público prefere não aplaudir...
Agradecem apenas com gestos.

Por assim erram vários noites....

Um dia os atores se exaltam!
Nesta noite as cortinas se abrem!!
E as luzes são intensas, com a intenção apenas de iluminar.
A orquestra pulsa, pulsa, pulsa sem cessar, "Più Affettuoso".

Eis então que as palavras se confundem com desejo.
Os atores não vão deixar o palco
Pois o público sempre volta para aplaudir!